sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

NOS TEMPOS DA ROÇA


 

Nossa!

Que coisa linda!

Quero ir para esta beleza de roça.

Sentir o cheiro da palha verde desses pés de milho tão lindos.

Amava ir para roça somente para sentir os cheiros do Arrozal e do Milharal e acima de tudo comer melancia quebrada nos tocos.

Sentir os cheiros dos melões talhas e ver os jerimuns verdes e amarelos.

Comer o melão de massa que espocava quando madurecia no meio lastro de feijão enramado que entrelaçava as minhas pernas enquanto andava dentro da roça.

Era maravilhoso poder andar dentro do Arrozal quase me cobrindo com sua palha verde escura e muito cheirosa. Um cheiro que exalava todo aquele campo verdejante, o qual fazia que o meu olfato não permitisse um outro cheiro impregnar em minhas narinas.

Encantado com odor maravilhoso, não o que fazer, além de abraçar as torceiras de arroz, para me refrescar com o frescor que elas tinham para sombrear a terra, para que evitasse de o mato crescer nas entre linhas do Arrozal.

Inocentemente com aquela felicidade, andava dentro do Arrozal, com um ato de felicidade, que somente aquele lugar poderia me felicitar com aquela oportunidade, que somente aquele lugar poderia me proporcionar.

Olhando para os lados da roça, não queria chegar ao fim, porque os cantos dos nambus e juritis me encantavam de tanto serem gostosos de ouvir.

Felicidade maior era quando esbarrava em uma torceira de arroz ou mesmo uma moita de laranjinha ou japecanga, onde nelas poderia ver a evolução da natureza, através dos ovos e filhotes de tizis e nambus.

Além da satisfação em encontrar tantas coisas lindas dentro da roça, a minha tristeza ao sair da roça era não levar os filhotinhos que encontrava nos ninhos, porque ao saber, que quando voltasse eu não os veria mais porque jã em penados e ido embora povoar as capoeiras que aceiravam a roça. 

Chegando a hora de ir para casa, lembrava que tinha que ir olhar os quebras e as arapucas que fazia para pegar, Juritis, Nambus, Jacús, Rolinhas pardinhas e Azuzinhas, Saracuras e até coelho do mato, quando os Gambás e Saruês não comiam.

Era uma tristeza muito grande, quando chegava em uma arapuca, a qual eu avistava de boca para cima. Pois naquela hora tinha a certeza minha janta ou almoço tinha fugido. A mesma coisa acontecia, quando chegava no quebra, no qual via apenas os restos de um nambu ou mesmo de um juriti. Porque sabia, que o que ia comer arroz branco com pinta, já que não gostava de feijão. Mesmo eu gostava de comer arroz branco com pimenta malagueta esmagada com coentro e cebolinha verde na água e sal, para melhor saborear aquele branco que minha madrasta fazia muito gostoso.

Assim era a vida das pessoas que viviam exploradas pelos da roça nos interiores do Maranhão.

Hoje estou na cidade e não evolui absolutamente nada, em razão de a roca nunca ter saído de mim.

Uma coisa é certa:

A roça não é culpada de eu não ter evoluído enquanto estou na cidade.  Ou seja, todo e qualquer atraso na minha vida é descuido meu mesmo.

O bom nisso é que tenho tudo em mente, daquilo vivi há 50 anos atrás e que, com a graça de Deus, tenho oportunidade de fazer alguém conhecer um pouco da minha história, a qual muita gente ainda vive nesses interiores Brasil a fora.

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